Eu não sei se a terra se acomodou
com tantas catástrofes
ou se as pessoas acabam se
acostumando com as tragédias.
Prefiro pensar que não.
Prefiro pensar que os corações
não se endurecem,
não tornam-se insensíveis
e indiferentes.
O que aconteceu
no Haiti essa semana
moveu o mundo inteiro.
De repente os países
e as populações uniram-se
num bloco de solidariedade
para tentar salvar o que se
podia da situação.
Grandes gestos,
grandes feitos,
grandes homens...
Mas por que é preciso uma
tragédia para que o mundo acorde
para ajudar um dos países mais
pobres do mundo?
Antes do terremoto a miséria
já assolava o local,
os tetos já caíam sobre as cabeças
e as pessoas já não tinham
o que comer.
Assim somos nós nesse
mundo que Deus criou.
Nos acomodamos a tudo
e passamos a olhar com
indiferença e muitas vezes
é preciso que algo extraordinário
aconteça para que sejamos
sacudidos e possamos acordar.
Nos comportamos dessa
maneira em relação ao
mundo e aos nossos.
Quem ainda não percebeu
que as lágrimas aproximam muito
mais as pessoas que as alegrias?
Os abraços de consolação são
mais demorados e mais sinceros
que os de felicitações,
como se a dor tivesse o poder
de soldar o que estava quebrado,
unir o que estava separado.
Talvez seja essa a razão das
grandes tragédias que acontecem.
talvez precisemos desses alertas
para que possamos olhar nossa
casa e o mundo de forma diferente,
mais humana.
Eu queria que não fosse
preciso uma doença,
uma má notícia,
uma desilusão para que as
pessoas despertassem
para a vida.
Queria um mundo maravilhoso
onde ouvir fosse natural,
a gentileza fosse natural,
o perdão fosse dado antes
que o outro pedisse,
onde compartilhar fizesse parte
da rotina diária de cada um.
Se assim fosse,
haveria menos famílias separadas,
menos fome, menos solidão,
menos peso nos ombros
de certas pessoas e menos
infelicidade.
O mundo é o que é e não
podemos voltar atrás.
Mas nada nos impede de
olhar para a frente,
de abrir os olhos,
os braços e o coração.
Nada nos impede de dar as mãos,
reparar erros,
erguer a cabeça e continuar
a acreditar que amanhã pode
ser diferente de hoje e que,
por mínima que ela seja,
nossa contribuição pode
ser dada.
Quem pensa que não possui
nada e nada pode dar está
muito enganado.
Damos muito quando oferecemos
nossas orações e iluminamos
os caminhos quando
distribuímos a esperança.
Quando ajudamos o nosso próximo,
não deixamos pegadas
apenas na sua história,
deixamos também marcas
no coração de Deus.
terça-feira, 16 de março de 2010
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