domingo, 10 de julho de 2011

A intimidade

Intimidade não se impõe, ela simplesmente nasce ou não. Não to falando somente da intimidade na cama, falo daquela percebida através do olhar, do tom da voz ou do toque das mãos. É estar um passo adiante nos desejos do outro.
Intimidade se conquista através dos dias, das palavras ditas ou caladas, bastando um olhar ou um pequeno gesto para a compreensão. É conhecer o teu melhor perfil, do mais rude até o mais singelo. Aquele que você tem mais vergonha de ser e o que mais te dignifica. É revelar teu raio-X, te expor sem vergonhas nem limitações.
É a essência do teu ser em exposição ao outro, sem medo e sem restrições ao que, do outro lado, vão pensar ou criticar. É relaxar tua alma nas mãos de alguém que confiamos.
Podemos até dizer que amamos alguém, mas não será verdadeiro se não temos a intimidade necessária para conhecer quase em detalhes esta pessoa. Como podemos dizer que amamos se não guardamos em prismas o ser “amado”. O olho no olho já revela muito da alma,
A intimidade se desvenda no dia a dia, no compartilhar, no dialogar, no se permitir conhecer, na entrega, no prazer e na dor. No escovar os dentes na frente do outro, no cozinhar e comer, no beber, no sexo, na dor de barriga, no resfriado, na falta da dinheiro, nos erros ou acertos.
Ninguém é intimo se não conhecer as partes de você, seus defeitos, suas manias, se você roe as unhas, se ronca, se diz palavrões, se arrota ou peida (ops!). E não adianta esconder, todos fazemos isso.
Não adianta conhecer um ícone, somos o que somos não disfarce o seu eu, pois ele existe. Ninguém vai me amar verdadeiramente se não conhecer meus medos, tocs e virtudes. Quando estivermos partilhando a mesma cama, sob o mesmo teto e com as escovas de dente juntas, o que somos se revela e aí sim, neste momento, vou poder ouvir se você me ama de verdade

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